12.25.2008

Tantas coisas

Fosse talvez minha internet mais rápida, meu sono mais tranquilo, fosse talvez teu calor mais próximo. São tantas imagens e tantos ventos, são tantas informações. Fosse pela manhã o tempo mais lento, fosse como férias num sítio. Fosse o café após a caminhada, eterno... seria bom se estivesse lá, com protetor solar e óculos escuros. Não dá pra falar tudo num texto curto. Numa vida longa dá?

9.03.2008

Doje't

Estou sozinho, e o café com leite me faz companhia. Em silêncio, mas o ventilador enche o recinto com seu zuniar relativamente leve (sim, eu mesmo criei a palavra zuniar). Fico lembrando, acrescentando talvez um leve resquício caricaturado em suas gesticulações e expressões faciais, um homem quase velho, amazonida, que partilhava dois terços de tudo que ganhava, divagando subitamente sobre hábitos. Hábito, do Latim habitu. Ressaltava o sentido de algo que vestimos. Roupagem muitas vezes difícil de trocar. Lembro que apesar de toda aparência indígena, carregava um timbre que me soava muito familiar, falava como o meu avô.

Estavam numa sala fechada, inusitada, e os acordes nascentes dum aparelho celular começaram a construir ambiente onde sopro transversal logo tomou e encheu, rodopiando como brisa mais suave do que brisas reais. Entreolharam-se e tudo estava dito, os ânimos aceleraram, aqueceram-se naquele quase nervosismo... Mas havia uma pessoa no lugar, uma terceira pessoa, que quase não se apercebia do papel de estorvo que assumia. Quando estorvo deixou de existir entre os dois, um mar invadiu suas vidas, encostaram-se mal a pele e logo ela estava ali, tão familiar, preparando uma mesa cheia de doces vistosos, para mais um aniversário, talvez de um filho. Aquele momento inicial, num lugar incomum, era mais que uma paixão repentina, era mais do que o cinema ensina, era a vida deles se revirando, desabrochar encantador... E eu chorei acordando.

8.18.2008

traço

Silêncio assassino, assistindo a mentiras, num cubículo isolado, enquanto concatenadas explosões universais se perpetuam inaudivelmente no interior, enquanto nada nem ninguém aparece, o estar só transborda, quase se tornando o todo, não existindo sentido além desse tênue estado. Vezes, como se num pequeno aquário pequeno peixe fosse, cercado por profundas sombras, vez ou outra percebendo certo olhar que passa, sabendo estar em mentira, como que vigiando, como que com medo da verdade que existe aqui... Vezes é confortante sentir o medo do inimigo, sentir sua incompetência, vislumbrar suas fraquezas como o fundo duma água rasa e límpida... Vezes, porém, o estado contido duma arma feroz adormecida leva a um deserto frio e inóspito, e conversar com o som do condicionador de ar nem sempre substituí o “bom dia”, o sorriso, o afago.

8.08.2008

três

São três eternos minutos, entre ternas e intocáveis fonias, fobias latejantes dançando levemente por entre os umbrais misteriosos de outrora, e parece que as sombras flertam com a luz amarela, pintado as cortinas brancas que não se agitam, mas não se aquietam, ao sabor sonoro duma trivial brisa, trivial e doce...

7.07.2008

Quase no fim

E mais um rascunho, teria trabalhado mais, mas tenho apenas seis minutos aqui, e algumas coisas mais para fazer. Só para não ficar sem nada. Em pouco tempo estarei dando fim a esse blog.

Beijos e carnes

Um falso e brutal silêncio rompeu o cômodo em que praticamente hibernava. Instintivamente sua respiração mudou, assustou-se brevemente, inspirou de forma mais longa e levantou um pouco a cabeça. Os olhos se abriram, mas não puderam enxergar nada, virou a cabeça e pode observar a silhueta de alguns móveis, salpicadas na luz rala escapando de uma fresta na porta. Ainda zonzo, distanciou-se das idéias distorcidas em que estava mergulhado e, vagarosamente, levantou parte do corpo, debruçado sobre um dos braços. Pela luz e pelo som distante de pássaros, que ouvia sem perceber, concluiu estar amanhecendo. Viveu até ali, por mais de três anos, sem estar acordado durante o nascer do dia. Desvendou a falsidade do silêncio num som agudo, que junto a uma luz vermelha que lampejava vez ou outra no quarto, apitava. Era uma de suas extensões, avisando a ausência de corrente elétrica, por isso o potente ventilador parou, e por isso teve a impressão de um silêncio repentino. Esticou-se, desligou o nobreak e deitou seu corpo novamente. Olhando para o teto, tentou se lembrar da data....

6.30.2008

Começo 1 (rascunhos dum pc)

Soa voz familiar, que há tempos não encontrava seus sensores auditivos. Tão familiar que quase doce, quase afago, um carinho sem intenção vindo da alvura de lá, do passado, e dos sonhos, com todas as luzes e aromas, emana duma fugaz bruma, e meio que se concretiza, acariciando antigos delírios.

- alou...

- e ai... - Responde, numa fraternidade arrependida, pensando em seguida: talvez aquele nível de expressão fosse indigno pra demonstrar o que sentia, pouco cordial, seco, sei lá. Logo o desconforto desaparece, pois percebe reciprocidade no som dum riso, e um alívio mutuo voa quilômetros numa parcela ínfima de segundo, reflexo de uma profundidade, de uma cumplicidade que resiste.

Silêncio.

- Pois é... - Diz quem liga.

- Diga. - Quem recebe a ligação.

- Então eu te ligo no sábado, pra gente marcar. -

- Ah... Então você ligou agora só pra saber se esse era realmente o meu número? - Ele Notou. Frustrar-se-ia talvez, esperando na repentina ligação uma longa conversa, quem sabe um desejo que momentaneamente também foi o dela, possivelmente sufocado pela idéia de não poder gastar todos os créditos, ou por qualquer outra racionalidade.

- é... -

- ah... pois é... sou eu...-

Risos. E mais risos, entrecortados com breves silêncios e curtas palavras hesitantes. Como quando lábios se encontram acidentalmente num cumprimento. E o fim da conversa se dá sem que percebam exatamente do que estão falando, brevemente inebriados, de forma que após desligar, não lembrarão exatamente que palavras usaram no fim da conversa. Antes que qualquer idéia eufórica tome o ar e dance como um papagaio, apara num bole, e guarda junto a ela, qualquer expectativa, dentro duma gaveta escura. Tranca.

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6.16.2008

CAPTOU!!!!!!!

Antes de mais nada, antes de tudo, ou antes de qualquer coisa: Depois de uma pergunta escrita é ideal que seja inserido um ponto de interrogação....

...para que seja possível entender que a frase é também uma pergunta. Entende?


Se alguém escreve:

"você recebeu a minha matéria!!!"

E como podem observar, insere três pontos de exclamação, eu imediatamente imagino uma pessoa sem muito equilíbrio mental afirmando histericamente que eu recebi a matéria. Meus ouvidos quase podem doer. E o pior é observar que não existe nenhuma matéria anexada...

Com um grito imaginário daqueles na minha cabeça fiquei quase certo de que eu realmente recebi a matéria...

... Mas ela não aparece anexada, apenas um e-mail, com a representação de uma afirmação histérica, e alguns pedidos de desculpas pelo fato de que a suposta matéria estaria uma porcaria... Realmente... Pode-se dizer, inclusive, que não, não está uma porcaria, por que a matéria simplesmente não está.

Ok... Mando um e-mail em resposta.

NÃO, CACETE!!!! NÃO RECEBIA SUA MATÉRIA!!!!!

Perdão pelas possíveis expressões desagradáveis.

É que exclamações não poderiam pontuar o nível de humor...

... conseguem captar o meu humor?

Beijos e carnes

6.05.2008

Partícula

Acordou assustado, saindo duma confusão interna indescritível, meio que sem saber onde estava, meio que sem saber quem era. Perdido. O quarto em volta estava caótico, não apenas com roupas amassadas espalhadas e objetos fora de lugar, mas móveis mofados, quebrados, e água empossada no chão, fruto de uma goteira ou duas, que apareciam quando chovia forte, bem forte, como naquela noite. O sol invadia o quarto quente e abafado, iluminando fortemente a tudo ali. Fora uma noite de sono pessimamente dormida. Ainda deitado na cama, destravou as janelas e as empurrou para fora, usando os pés. Entrou ar puro, e o cômodo finalmente respirou, as partículas de poeira podiam ser vistas dançando naquele salão desfigurado. Sentou-se vagarosamente. E um sorriso infinito brotou de seu rosto, ainda com olhos serrados, agredidos pela luz, ainda com cabelos esbagaçados e bochechas inchadas. Já sabia quem era e estava em casa. Há pouco tempo, talvez apenas algumas horas, seus dias eram mortos e suas noites, tristes e solitárias, a razão de existir era quase um vulto profundo e desconhecido, a felicidade era um mito, uma mentira, não pensava nisso e, em verdade, fazia tempo que não pensava sobre praticamente nada. Tudo mudava naquele repentino acordar. O mais doce sonho não parafraseava a plenitude que fez nascer aquele sorriso, sentir o desconforto do chão gelado e molhado na planta dos pés era como um divino afago, e o aroma de café que lhe trespassou representava a grandeza de uma explosão de universos, era um sinal que, em si, simbolizava toda a discrepância daquelas horas, tão próximas e de sentidos tão opostos. Ao vislumbrar a cozinha, com o olhar ainda entorpecido, inefáveis expectativas se confirmaram. E eu poderia descrever o quão belo era contemplar o que encontrou, quiçá houvesse respingos de genialidade em minhas veias.

5.28.2008

O perfeito idiota

Vocês já ouviram falar sobre o perfeito idiota latino-americano? Aquele tipão, esquerdista, frustrado, que tende a entender o sucesso alheio como seu motivo de fracasso, e deposita na iniciativa estatal a única e verdadeira ação que pode, miraculosamente, curar todos os males. Já esbarrou num discurso desses? Imagino que sim. Eu mesmo já notei muitos universotários que caminham por essas veredas, aprendendo a engolir esses discursos reacionários que ainda demonizam a globalização, como se ainda fossemos índios imaculados que necessitam proteger-se da exploração macabra que vem de fora. Quando eu era menino, até fazia sentido, mas, observando racionalmente, essas idéias soam frágeis.

Através de investimentos estrangeiros, mesmo em países pobres ou sem recursos naturais, muita gente saiu da miséria e alguns países se nivelaram a países desenvolvidos. Cingapura, Espanha, Irlanda, Nova Zelândia e outros estão caminhando. Por outro lado muitos sofrem com a miséria justamente pela falta de investimento estrangeiro, e ou, pelo próprio sistema econômico que é falho. É difícil para o idiota associar o sucesso ao trabalho, e é muito fácil para ele, desassociar o continuo fracasso a própria incompetência. Ele não concebe a idéia de que o trabalho, com interação e inteligência, promove o desenvolvimento, nem que esse trabalho deva ser realizado por toda população, não estando somente na mão do Estado, e não aceita que, para quem estiver disposto a isso (trabalho), a globalização muito mais ajuda do que atrapalha.

Hoje de manhã eu ouvi o Lula falar “a Amazônia tem dono”... Achei até que ele fosse vociferar em seguida: “e sou eu!!”. Mas o Lula não pode bancar o idiota aqui dentro, apesar de se encaixar bem no perfil, completou com: “o povo brasileiro”. Eu sinceramente não sei o quanto realmente a internacionalização da Amazônia pode ser nociva ou benéfica. Desconfio, porém, que o discurso popular e aterrorizante de que estão querendo nos roubar a Amazônia é fruto do pensamento medíocre dos perfeitos idiotas latino-americanos, e de exploradores nacionais que querem continuar bancando o cavalo do cão por aqui.

Você pode encontrar o Idiota destrinchado nos livros O Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, e A Volta do Idiota, do trio Plínio Mendoza, Calros Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa.

Beijos e carnes

5.26.2008

Metodologia de nada

Outro dia a minha aula de metodologia de estudo desandou para uma discussão sobre o orkut. Importante ressaltar que discussão é a investigação da verdade pelo exame das razões e provas que se oferecem pró e contra (Larousse Cultural, Dicionário da língua portuguesa que eu ainda não devolvi pro meu tio, 1992), mas na minha sala de aula, uma discussão verdadeira, consiste na explosão desesperada de carência de auto-afirmação. O fato é que o foco da aula foi parar no orkut. Talvez numa tentativa de democratização do assunto das discussões, afinal, apenas professores que compraram suas pós-graduações em finas padarias paulistanas podem ter bagagem para falar sobre como organizar um trabalho científico, de orkut, porém, qualquer semi-analfabeto fala.

No Brasil, diga-se numa afirmação quase tão anti-jornalística quanto todo esse texto, nem todo mundo tem CPF, mas praticamente todo mundo tem orkut. Nuns tempos atrás seria legal dizer “cara, até meu pai tem orkut”. Hoje, até as vovozinhas menos descoladas já estão na rosa rede de relacionamentos.

Na ocasião do arranca rabo desvairado, a maioria dos alunos se posicionou contra a página, estranhamente esse alunos gritavam e cortavam indelicadamente os discursos uns dos outros, repetindo as mesmas opiniões, porém numa postura de quem discordava do que acabava de ser dito. Aquilo foi um pouco assustador, as pessoas estavam beirando ir às tapas, porque concordavam, mas não percebiam. Eu permaneci quase em silêncio. Não que eu não tenha carência, é que não me deixaram falar mesmo.

Fiquei matutando sobre o meu perfil, não é do tipo mais popular, praticamente não recebo e raramente mando scraps, existe um grupo de cerca de cinco pessoas que visitam semanalmente a minha página e nunca deixam recados, tenho poucos contatos, e quando não tenho o que fazer brinco de deletar pessoas, o que diminui ainda mais minha lista. Dessa lista, 61 estão na minha lista de fãs... é aí que entra realmente a questão que eu estranho e comento. Que raios quer dizer alguém, quando se coloca como fã de outro alguém?

No princípio, os dez primeiros, foi uma massagem no ego, e eu andava pelas ruas que nem o emo-aranha. Depois comecei a observar que muitas pessoas ali nem me conheciam, e que os outros perfis tinham trocentas pessoas na lista de fãs, porque eu só tinha trinta? Tudo bem, acontece, as pessoas se adicionam como fãs para que os “ídolos” se adicionem como fãs no perfil das pessoas, e assim o número de fãs fica vistoso, e a massagem no ego, constante. Eu, como sou chato, não me considero fã de muita gente, e não entrei nessa. Tudo bem, então esse papo de fã é conversa fiada e fim.

O problema é que algumas criaturas chagaram a me mandar recados do tipo: “cara, você é incrível, escreve muito bem, que viagem louca, eu sou seu fã!! Quero ser que nem você quando crescer e meu filho levará no primeiro nome o seu apelido!!” E essas mesmas pessoas cruzam comigo na rua e nem me dão bom dia, nem um aceno com a cabeça, nem um sorriso de leve, nem oi, nem “com licença, obrigado”, nada! Um pouco menos de misantropia e um pouco mais de carência eu estaria lascado. Seria como o Marvin, o robozinho de Douglas Adams, que, aliás, talvez tenha sido um autor quase interessante. E o que isso tem haver com aquilo? Pois é... nada.

Beijos e carnes.

2.18.2008

retro

Num sentindo rebuscado foi apenas um vulto, em meio a grande massa de trevas, e mínimos pontos brilhantes, deixou pra trás uma mágoa amarga que quem carrega mal pode descrever, pouco tem coragem, vendo tudo como amor destruído, prorrogado, que em verdade tenha sido, talvez, apenas um acúmulo mal resolvido de vaidades. Não, não dá pra acreditar muito no amor dali, porém, onde há força pura de julgamento? Sabe-se que aqui não... Não, aqui não há... Aqui talvez apenas um acúmulo de sensibilidades retorcidas num humano... Mas não é sobre nós que cheiramos, ouvimos o asfalto queimando pneus, cabelos esvoaçados duma prostituta dançando aos gargalhos dum garoto criado errado. Pai, quando você não guia o seu filho, ele ruma pra morte eternamente. Despedaça ao vento duma forma ou de outra. Como um prato queimando fumou-se beleza em fúnebre soar, e triste tocaram notas alegres e dá vontade de chorar numa praiana feraniada, estragou todas as músicas que eu ouvia na época. E ficamos com vontade de não sentir raiva, e misturou-se tudo, e dói vê-la em dor, quase mais que doía vê-lo viver torto. Confesso prazer nisso, e ao mesmo tempo pena, e ao mesmo tempo vontade de salvar...

2.14.2008

Rápidamente

Pessoas, isso é, numa tentativa de encarar de forma otimista um blog abandonado tentado voltar a vida eu cumprimento você. Espero que não tenham encarado de forma errada a ausência inesperada da porção de textos. Muito provavelmente esse blog está com os seus dias contados. Porém, antes disso, pretendo criar ainda alguns brinquedinhos... Fica, porém, proutora. Por hora, então, até outrora. Fim.

Beijos, carnes e afins.